-Quem é o dono deste blog maluco?
-Ei, cara, entra aí e descobre.
-Pôxa, que falta de educação!
-"O caminho do excesso leva ao palácio da Sabedoria."
-Saquei. Até mais!

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

charming penny




pena que Penélope fosse tão...penélope.
que tivesse boca e seios mediterrâneos
mais belos que os da Monica Bellucci,

mas só charlasse de seu ex-, o pústula
Uh-lisses. Não dava muita alegria aos
pescadores da ilha que em redor do fogo
se encovavam para vê-la.Quando não era
Uh-lisses, era a arte de tricotar e coser.
A teia não ficava jamais pronta, o ato de
fazê-la escondia os atributos de Penélope,
e Penélope, assim, irava os deuses, mormente
Poseidon. Os deuses se irritam com quem
desperdiça sua vida. Deus dos Oceanos, Poseidon/
Netuno ordenou que uma tromba d’água atingisse
Penélope. Mas ela subiu no teto de sua casa em
Ítaca e continuou a coser, a mortalzinha de
voz chata e prosa irritante. Fez um chapéu de lã
para aguentar o sol e uma túnica para o frio.
E continuou a enaltecer Uh-lisses.

Poseidon, vendo a afronta de Penélope, propôs
ao Conselho dos Doze Deuses que o arquinauseante
Uh-lisses fosse logo libertado do cerco de Tróia
e voltasse para Penélope(não antes de sofrer um bocado,
mas,vejam, ele mereceu!), dando fim à infinita teia
e à infinita lamentação sobre o ex-desaparecido.
Zeus e Juno deram aval. Atena também. Lá do Hades
Plutão gritou: Já era tempo! Mercúrio pessoalmente
escoltou o famígero até a porta de Penélope.E saiu voando
com as mãos nos ouvidos para, sabem, não ouvir as pieguices
que seguiriam. Que ótimo que Uh-lisses estava tão cansado
que nem se podia entender o que dizia.

Mais uma vez  os deuses foram misericordiosos. É raro, mas
“contra a chatice extrema, extremas medidas!”(como dizia um
velho cego chamado Homero que foi meu vizinho em Atenas)



quinta-feira, 1 de setembro de 2011

músicas reinterpretadas segundo o budismo tibetano




“garota, eu vou para o Tibete...
viver a vida em um mosteiro
vou ser um monge e um  homem bom,
o meu destino é ser alguém.”

não terei saudades do que já passou
nem desejarei nada além do básico
Mara, não adianta me tentar com
 rolls-royces
prostitutas
fama
muita grana mesmo.

vou me desetiquetar completamente
sair da frente do espelho e quebrá-lo.
desgrudar a máscara e incinerá-la.
"não comece a rezar agora, garota...
espere até amanhã de manhã."


(obrigado a Lulu Santos e Duran Duran)

opiniões




eterno retorno
suplícios vinculados

déjà vu
por onde não andei
o que sonhei

karma
bicuda na canela

deus
nossa vida neste blecaute de 10000 anos

violetas na janela
vem o vento e derruba os  vasos

indiscutivelmente
eu não quero ser mestrando:
envolve muito puxa-saquismo.

por te achares tão inteligente
negas que a vida tenha sentido
e você está certo, em parte:
ninguém disse que teria,
nem que não teria.

páginas em branco



Inserir  páginas em branco no livro da minha vida
é uma atividade tão prazerosa...as páginas em branco
são tão belas... é raro ver algo tão puro e perfeito.
As outras são rascunhos ridículos de um conto cheio
de duendes e fadas e bruxas sem dentes.
A linguagem é triste e o estilo é piegas, faz dormir.
Não tem nexo eu estar no meu quarto e de repente
despertar na praia de uma ilha paradisíaca.
“Francamente... ouvi tanta coisa boa de você, Felix.
Mas isto está horrível. Conserte.”

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

venha!

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Na infância a vida eram glóbulos de luz...
Alegria diáfana e multicolorida.
Na adolescência era uma casa soturna
eu me escondia nos sótãos e alçapões
e só saía para respirar quando os fantasmas
tinham ido embora.
Hoje todo dia me aproximo mais do lugar onde
meu corpo deixará de existir pelas chamas,
preso numa carreta e exposto às pedradas, cuspes
e palavrões: bruxo! relapso! ingrato!
Dia a dia posso ver melhor a clareira onde
se dará a ecpirose.
A procissão segue e estas vozes e estas névoas
não cessam de falar e falar sempre a mesma coisa...
tratam-me como se me conhecessem, mas nunca
as vi. Julgam-me com extrema facilidade, e me condenam
pelo que fiz e não fiz. Não tento retorquir, é inútil.
Guardo minha existência com cuidado, não desperdiço.
São crianças, adultos, velhos, homens, mulheres, animais,
deuses, planetas, símbolos, idéias puras intocáveis.
Minhas correntes pesam o mundo, minha jaula carrega
o supérfluo de mim.
Se quiser, venha você também seguir este lúgubre desfile.
(mas cuidado para não ser pisoteado, esmagado pelas rodas
da carroça, ou detido como herege, também)


domingo, 21 de agosto de 2011

alma, perdido no teu castelo



perdido à noite no castelo da Alma
esta idéia primal e perigosa
que ao homem não concede ágio ou calma
enigma de tristeza, justa desonrosa.

ouço água correr, passos pelo salão
estampidos súbitos, espadas a brandir
vejo vultos nervosos, pegadas pelo chão
névoas prateadas, para onde devo ir?

janelas embaçadas, alçapões trancados
velas sem força contra a densa treva
minha fuga destes paços assombrados
consome a um tempo e enleva.

Alma, miragem da idade platônica
Te concebo uma criança delirante
Brincando de ser  eva, una e mônica
Mas que, na verdade, és  mutante.


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

vanitas




conquistas vãs como folhas que caem
vinho que desce, oblívio que assoma
navios que não chegam  nunca ao cais...
extintos os reis, para quê este
vasto, assombrado, obscuro palácio
da memória?
o jardim crestado, o haras silencioso,
o armorial em ruínas...
as masmorras descendo sangrentas e
oblíquas ao poço
dos desejos.
e teu olhar gracioso e incorpóreo
no quadro da parede,
açoitado pelas sombras das chamas das velas.
no final, foi isto que me sobrou.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

sonetto ad una ragazza piccina



amor, lei è proprio piccina
le stelle mai le toccherà
resti al suolo sì vicina
ma brillante sei, dolce beltà.

i tuoi occhi ridono di me
se un bacio tuo desio
guardi le nuvole con brio
e un soffio caldo sinto, ahimè!

capelli ricci, montuosa piel
profumo di dattere e pesche
parli e le parole sembran miel

ami i versi e le burlette,
altrettanto io. Piccina sei,
ma le cose del genio posi sulle vette.

domingo, 14 de agosto de 2011

più bel fior




cogli oggi il più  bel fior
ché senso dumani non ha
l’arcobalen dipinge il giorn
ma il capello grigio si fa

appannati  i  cieli
e percossi i veli
alla natura gradisce ‘l vuoto...
tempo e spazio senza moto.

gioventù sopraffatta
vecchiaia ignorante
marea bloccata
Saturno nel levante.