Triste Belém, que tens fado
De ter brutos governantes
Estás de novo como dantes
Metida nas mãos de um safado.
Pouco interessa quem te tenha a rédea
Pouco será feito, há muito por roubar
Dos falsos e ambiciosos és o lupanar
Podre condado da imorrente Idade Média.
Que dirá de teus pobres filhos
A crescer das privadas do caos,
Os fetos a feder, maltrapilhos?
Retorna o macaco simão, sim!
Tão fácil como de outro tempo infeliz,
Pois és, triste Belém, tão fracassada assim. . .
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Obras do mundo, malfeitas, desumanas
Têm jeito doente, face desenganada,
De falsa nobreza bosquejada,
Inspiram medo, de tão insanas!
Os inocentes perecem por primeiros
A razão cava um sepulcro fundo.
Para cada sábio moribundo
Se erguem dez poltrões prazenteiros.
Todos tomados já, nossos caminhos
De espinhos cruéis e venenosos,
Plantados a mando dos poderosos
Pelos ignorantes em seus próprios ninhos!
Nada vale consultar oráculo antigo,
O obscuro fim da sabedoria
É este buraco no nada, amigo:
O que restou-nos da azul esfera?
Nossa burrice nos fez transmudar
Num peido no espaço o que era a Terra!!
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teus olhos são frios, irmã mais velha.
fitas-me silenciosa.
tens coragem de aguardar o último momento?
eu era jovem, lembra? como poderia te amar?
não reages a perguntas, nem mandas notícias.
mas sei que não ignoras que estamos ligados
à mesma Roda que as estrelas.
indócil irmã mais velha, os tempos eram lindos com você,
pois tinhas olhos de mulher, não de esfinge.
se há uma coisa que não é engraçada, é o relógio. Tudo move, sem se mexer, sem querer. A Eternidade gira sem saber.
Irmã mais velha, vens me ver?

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