a falta de complexidade
de meus desejos irrita-me.
tudo que não é complexo
parece vão. Fácil é
a vida sem enigmas,
uma régua sem medidas,
voz que desencanta, alma falsa,
o homem irmão de um pesadelo.
Agrada-me o País das Maravilhas
E a Alice que eu quis tem meias azuis,
boca escarlate. É negra de dia, à noite,
branca é, e tem luz de estrela.
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o lago e as flores se refletem nos teus
olhos redondos. Sorris.
não estou ao teu lado, ocupo um limbo
em que os Três Tempos me incorporam.
as solidões e as cores não esperam, para
além a cidade desliza sem sair do lugar.
tua boca diz algo que o vento leva para esconder.
a eternidade envelhece, os caminhos
se multiplicam, os olhos secam.
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na minha língua
os relógios não são advérbios,
são sujeitos.
os olhos são verbos, os sonhos
são substantivos.
dentre muitas outras correspondências,
os espelhos são sinônimos,
o corpo é conjunção, a
alma é metonímia etc etc.
mas você é interjeição.
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és mesmo a Rainha da Atlântida
ou o teu nome não é
tão importante assim?
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Blecaute na passagem de ano.
Deveríamos ter visto alguma coisa?
o quê perdemos? faces com medo,
esperando a cura, culpando-se do passado,
morrendo nos becos?
não... é só mais uma noite que transita
para o dia, ignorante da nossa pequenez
e fragilidade.
tantos e tamanhos segredos ela carrega,
tão sérias considerações sobre
anthropos logos cosmos. . .
o que o universo pensa de mim?
odeio esta nossa risonha incompreensão.
voltam as luzes, a consciência, porém,
continua apagada.

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