-Quem é o dono deste blog maluco?
-Ei, cara, entra aí e descobre.
-Pôxa, que falta de educação!
-"O caminho do excesso leva ao palácio da Sabedoria."
-Saquei. Até mais!

quinta-feira, 31 de março de 2011

belém calling


belém chamando
o resto do mundo
a situação está hipotética!
-ih, poeta, não sabes o que é
hipotética!?
-desculpe, eu quis dizer patética.
mas uma coisa é verdade:
esta triste cidade vai mais e mais
profundo.

Belém está  afogando
e moro perto da Baía...
---
Não posso sair a pé
a chuva me molha todo.
não posso pegar ônibus
ou o meliante me rouba
não posso usar táxi
tá muito caro
(para  morar estudar medicar
passear pensar comer rezar amar e
morrer!)
eu naõ sei o que é feito
dos meus impostos
os políticos não tem planos,
só rostos!
foi-se o tempo da cultura
a falsa beatlemania de antanho
foi sugada pelo abismo e não nasceu
nada bom para surrogá-la.
andamos bem, senhor tirano
as artes viraram big brother…

Belém chamando,
e moro perto da Bahia
(ops…Baía!)

não se importe, que, se implode,
esta aldeia será notícia
mas ninguém dá a mínima.
o apocalipse será delícia.

thanks to The Clash

desenho da irmã maluquinha






(Leonardo d.V. me ajudou)

terça-feira, 29 de março de 2011

poema do livro de emily


 o fulgurante corcel do cavaleiro
 percorreu com seu senhor o mundo inteiro
 em nome de Fama, Aventura, Amor,
 desprezavam o valor do dinheiro.
 nos dias de sol cantavam a flor
 nos dias de chuva a rainha amada.
 todos pensam que tinham a cabeça virada
 mas eram, isso sim,servos de uma fada!!
 Chloriophomphylla ela era chamada...

 pois era bela e verde como uma estrela
 que surgia no céu quando queria, somente.
 sempre florescia e, sendo muito exigente,
 só uns poucos escolhidos podiam vê-la.

(este poema faz parte do meu livro inacabado e não publicado A História de Emily LeSage)

segunda-feira, 28 de março de 2011

sobre nós e eu


poeta é quem não sabe dizer
leitor é quem teme entender
ignorantes e medrosos somos de nós mesmos
alienados, esconjurados.
vigiamos o impérvio infinito...

que é infinito?
e impérvio?

a onda chega e varre tudo, até
o último grão de Arquimedes.

somos os únicos em auto-extinção.
um conceito auto-voraz,
auto-vomitante.
eu, não sinto perda quando escrevo, não sou desdenhoso,
apenas...fugaz.
parte de uma natureza deslumbrada
afogada em si mesma, descontroladamente consciente,
a linha que a pena escreve quando a tinta acabou.
mas pelo menos não sou ameaça às rosas, gatos e baleias jubarte.

no terraço azul


do terraço azul
espero uma invasão:
os alienígenas chegam
de outros sonhos.
suas máquinas
gigantescas, insécteis,
radioativas, tomam
todo o horizonte
-eu tenho medo-
pois eles querem o segredo
que guardo no meu castelo.
qual será?
uma nova forma de energia?
uma nova arma destruidora?
um anjo vingador?
o fantasma da liberdade?
um buraco negro?
um vírus mortal?
uma poção mágica que me torna invencível?
uma palavra mágica de autodestruição?
o monolito de 2001?
nãooo...
sabe, não posso contar a vocês, leitores.
estão incrédulos? acham que estou blefando?
é realmente um graande segredo...
-deve haver uma palavra para isto.
ou um sentimento.
súbito, um imenso olho mecânico desce
do espaço e pára bem na minha frente:
e tudo termina, eu o universo e vocês.
 

sexta-feira, 25 de março de 2011

lorena e penélope


na mesma casa morando
lorena e penélope
nunca se conheceram.

mas pela manhã
ambas saíam para o jardim
deitavam na grama
e se viam cercadas de passarinhos.

penélope sabia trigonometria
e lorena as capitais dos países

seus pais tinham morrido há muito tempo.

uma achava a casa muito grande
outra vivia reclamando do aperto.

um dia, à noite, tocaram a campainha.
penélope foi atender: no chão havia um
envelope endereçado a lorena.

Era um poema:

Quando as brumas diurnas
batem à porta, criança,
aguarde, que o Doutor vai chegar.

-quem será esta lorena?, disse penélope.

no outro dia o Doutor chegou e prendeu lorena
no sótão velho e vazio. ela não podia mais brincar com os pássaros no jardim.

de noite penélope ouviu choros e gritos,
pancadas na porta, e uma janela se quebrar.
mas pensou que fosse um sonho.

na manhã seguinte lorena estava caída na porta
da casa. não estava morta, mas bastante ferida.
penélope ligou para o médico, que veio depressa.
-essa menina que eu não conheço estava aqui na minha porta, Doutor, eu não entendo.
-vamos entrar, que vem vindo uma bruma estranha, disse o médico.
ele cuidou bem da menina e ela se recuperou.

lorena e penélope foram adotadas pelo Doutor e,
pela primeira vez, os três viveram felizes para sempre.