o deus
cara de relógio
da Eternidade
não tem boa pinta:
chega bêbado nas festas
faz bullying no colégio
trata as garotas como lixo
ele é ubíquo, não temos como
escapar dele e sua cara
analógico-digital.
transforma o ano novo
na mesmice,
dá sonolência no emprego
tortura o pobre, o artista,
perpetua o corrupto,
extingue espécies,
preserva-nos e, depois,
preserva-nos e, depois,
nos desaparece no cosmos.
ainda assim seu trote não falha:
é garboso e mostra os dentes
pontiagudos.
quero encher ele de socos.
quando lembro de você, amor,
penso neste monstro...
pois não posso mais te beijar,
teus lábios viraram pó, areia
de um deserto de batom rouge.
o meu horror é que não somos melhores que ele.
que digam os pandas, orangotangos e tigres da Tasmânia.
o meu horror é que não somos melhores que ele.
que digam os pandas, orangotangos e tigres da Tasmânia.

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