A noite na cidade de Doma
é cheia de surpresas e mistérios...
estou certo que vocês não conhecem
a história da princesa Roma.
Ela não é uma pessoa comum
circula pela noite numa tarefa
que há muito não se sabe qual é:
pula entre os tetos, surge de lugar algum.
Veste-se toda de branco e cinzento
seus cabelos são de feérico negro
uns trata com bondade, outros fere,
é rápida e silenciosa como o vento.
O mais notável de tudo isso
vem com o fato de que Roma não deixa
sequer um traço ou pista para trás,
se resume a um nada, vazio, sumiço.
Gente viva ou pessoa morta,
a princesa não existe para o dia.
dizem que ela veio dos espelhos
Que por paredes grossas seu caminho corta.
Doma é nossa bela capital
que no alto de uma torre guardada
mantém dentro de um escrínio de vidro
algo secreto, sutil e fantasmal...
Desse algo a língua do povo tudo conta
mas o que é eu sei, meus caros amigos:
um coracão mecânico, frio e carmesim.
a quem pertence é de grande monta.
Um bruxo velho ameaçou a cidade
Nos tempos de Merlim, com uma maldição.
houve grande guerra e o Trono
sucumbiu sob tanta maldade.
Este terror não sendo suficiente,
a família real virou pó por mão do bruxo,
exceto a princesa, por quem
o maligno desejou ardentemente.
Vendo que ela não atendia seus caprichos
ele, à morte, chamou suas estrelas más
para que dela separassem por magia
Corpo e Alma em dois distantes nichos.
Eu sei que, assim, o espectro da princesa
flutua toda noite pela torre protegida,
para com seu coração de novo unir-se.
mas há um encanto que proíbe a empresa.
Amigos leitores, dentre vós talvez exista
alguém que a este conto fim dar possa?
lembre-se de vir à cidade de Doma,
que fica onde não alcança a vista.
Como conheço tudo desta triste história?
é que da noite também sou habitante.
pelos sótãos e calhas sou chamado
Romeo, um gato velho, mas de boa memória!


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