um grande fragmento de sol é um anjo caído; beijo não dado, leito com um dossel de simples renúncias. os frutos não infernizam, a toalha molhada da manhã desce da harmonia das esferas. eu era impermeável, a borracha seticolor que deslumbra tudo, pervagando ao contrário a inconsciente igreja descentralizada dos antigos. procurava o colo e o carinho num mundo dismórfico impregnado de teatralidade e atrações domingueiras. a matinê era a minha namorada preferida, mas com serafina o sexo(gnóstico) era retórico, e, durante, falávamos em línguas desconhecidas.
tinha uma idéia táctil do querer, e desconhecia a desculpa. a família era a lareira romana, pompéica, vazia. a pátria onde todo mundo é profeta é uma ditadura teológica. lia aquelas tiras dinâmicas mas o olho se conservava parado; o tempo misturava fundo como um caleidoscópico diafragma de conceitos. via tudo de lentes coarctadas, vítreas retinas das Nornas.
o imenso e o iminente numa dança gravitacional de maré e sonho no quarto noturno: merlim estava me olhando, murmurando feitiços gaélicos para eu adolescer. e vinha o soluçante prazer imponderável, a aparição do duplo sedutor. a mente descarrilava trens e dragões.
um pequeno grão de lua é um efeito especial. quando entrei no grande colégio marino e conheci a irmã maluquinha fui polinizado com desassossego, minha divindade caiu aos meus pés, dizendo adeus e desaparecendo num eclipse negro. ela era só deleite e imagens dos cânticos de salomão. mas foi feita esfinge, também. e suas asas pesadas como musselina e seus lábios e sua pele me tresandaram. produzo estes intervalos grátis de vislumbre para reafirmar-me, reverter-me; versos são os solenes suspensórios da alma.
Therefore, you should know that neither the feeling of touch
nor your body has location and that they are false, being neither
causal nor conditional nor self-existent.
(from the Surangama Sutra)
