Numa distante cidade vivia
um professor bem pobrezinho,
sempre esquecido e sozinho
que poucas vezes sorria.
Dava aulas de manhã e de tarde.
No seu afã de encher o seu cofrinho,
O triste professor ia lento e comezinho.
Não tinha muita alegria, na verdade.
Um dia, porém, no pátio do colégio
Ele a viu: andava qual um patinho
Tinha as bochechas róseas, um carinho!
Pobre professor...caiu seu florilégio.
Foi juntar seu pesado livro poeirento.
Quando o buscou, neste instantinho
Seu amor sumiu num torvelinho
Procurou-a em todo canto, desalento...
Aquela tarde tornou-se a vida do mestre
Qual um sonho em desalinho;
Queria ver a criança, tê-la num cantinho,
Mais que uma rosa única e ancestre.
Tudo passava e era desimportante:
Aulas, latim e, enfim, o dinheirinho
Que ele gastou viajando atrás de seu anjinho,
Que, a cada dia ela parecia mais distante.
À noite, a vazia e solitária lua cheia
Vinha à janela exibir-se de mansinho
Pois tinha pena do professorzinho
Apaixonado por uma visão que vagueia.
Nas calçadas, nos museus e nos hotéis
Ele ia e perguntava em sorrisinho
Viu esta menina? Pegou este caminho?
Mas todos calavam, oh horas cruéis...
Bem, amigos, de um final feliz
Bem que eu preciso, a vida é um joguinho,
O que aconteceu com o mestrezinho?
Foi acaso sorte imaginação, um triz?
Sete vezes sete sofrimentos além,
Naquele colégio, naquele pátio azulzinho
De céu, enquanto chovia do azevinho
Ele ouviu uma voz bela e triste também:
Professor, se um conto é isto, enfim,
Pelo que li deste livrinho
Eu devia te dizer, baixinho
“Estou aqui porque te amo”, e te beijar, assim.

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