faz tempo que te espero
minha casa é grande e vazia
Leonardos e Renoirs pelas paredes
jornais do tempo da Guerra Fria.
Os sons que vêm de fora
se misturam com o do fonógrafo
Patos e um galo velho cantam Sinatra
O cheiro do chá brilha em boa hora.
A mesa circunavega o mundo
As velas pintam torsos no teto
eu aceito solenemente o soneto:
amargo horário da solidão.
Vago princípio de chuva fina
Recorda-me nossos beijos à fonte
Quando fugiste para não retornar
Alma, de tua viagem sibilina...
o que te atraiu à pequenez e finitude?
o que te chamou ao orbe subjacente?
Não podes pegar o primeiro galeão
E vir depressa de teu obscuro oriente?

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