os pés sobem a fria e verde escadaria
que serpeia pelo interior da torre
janelas e corrediças, tapetes e quadros
e te escondes por cantos e sombras
lá fora a tempestade atroa
o que vem com o sonho é misterioso
o medo de cair me alerta
subo e não quero que me vejas
luzes brancas flores coloridas
candelabros tristes, faces divertidas
para baixo o poço negro
para cima o teu quarto azul
nas paredes mensagens secretas
em línguas diversas
nos degraus poeira e névoa
e pelo ar voa o cantochão.
ouves-me e viras para olhar
mas escondo-me e vejo teu fino rosto
sussurras um trino de pássaro
abres tua porta, ruge o mármore.
deixas-me entrar na tua câmara...
só um espelho e uma pequena cama:
mas no fundo o pesado pêndulo balança
teus olhos, pura desesperança.
despes teu manto vermelho
e revelas tua pura glória
ergo a espada e destruo com o relógio:
cessa a tempestade e a música.
também nu, eu bem firme te abraço
sem tempo entre nós, nem espaço
nos unimos facilmente
mas súbito o raio desce do universo
soçobra a torre, enquanto amamos.

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