passam outras vidas,
e te observam
mas não reservam
um instante
para ulteriores apreciações.
dançamos uma valsa asséptica
com amigos e amantes sequestrados
e forçados a viver como nossos
chefes e torturadores.
por isso gostamos dos sonhos,
são quentes, mais reais e menos
mentirosos.
com as figuras oníricas usamos
o indicativo, faço, amo, voo;
com os pancrácios
do cotidiano basta o
despersonalizante
subjuntivo:
faça, ame, voe.
“vontade e querer te garantem o
dormir;
fadiga, látego,
é o que encontras ao acordar”
alguém pode me apagar, por favor,
(cancellare, effacer, erase, auswischen)
do Livro da Vida?
Não, Felix, mesmo que existisse,
tal livro não seria tão generoso:
um apagão como esse viria considerado
crime contra a aparente ordem das cousas.

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