Há muito que não escrevo
estive num limbo de memória
entre os olhos cegos de Homero
e a queda do Império Romano.
Embora idealizado, é um lugar legal.
O hoje em dia é apenas noticioso:
“Morto por dever o(sic) tráfico”
“Mototaxiitas fazem confusão”
“Manchester queima”
“Casal que esquartejou rapaz em motel é preso”
“Menina de 13 anos estuprada em plena rua em Marselha”
Nós avançamos a cotoveladas para provar
que somos racionais, livres, magnânimos,
a jóia da criação.Que a nossa infrene curiosidade
tudo justifica.Que podemos, sim, viver em famílias
e sob instituições como celibato, casamento, religião.
BALELA !
Sabemos muito bem o que somos.Todo resto é divagação.
A arte não é verdade, é fuga da verdade, é despersonalização.
Sacripantas irredimíveis, que se escondem atrás de preces.
Nosso talento para descriar só não é maior que nossa covardia
Que nos fere, que nos esmaga e anula, que leva ao rogo inocentes, e o único culpado disso
somos nós. Hipócritas cheios de faniquitos quanto a direitos humanos
e lei e ordem e toda espécie de frescuras antropocêntricas.
O homem é mictório.

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