de novo perdido nas sombras
do velho colégio azul
que eu encontrei pensando
nas ilhas de ventura ao sul
te vi brincando triste entre grades.
vestida de negro, mãos lívidas,
capuz cobrindo a face.
balançavas e nestes giros criavas
uma torturante cena.
disseste-me algo, de repente...
-salva-me, que não estou contente.
quando tu me falas em sonhos
um medo me dá, pois dizes verdade
sei que estás no colégio azul
pois eu te deixei no istmo sul
que toda noite a maré vem e invade.
-salva-me, que aqui me maltratam.
destas folhagens cinza observo
a tua dança e tremo com o vento
que vem nas brenhas da noite;
sofro, que sei que te abandonei
naqueles tempos de desalento.
-salva-me, que já vem o frio...
as bátegas de chuva beijam o rio
o choro teu e dos pássaros confunde.
só posso te ver mais por um instante
teus algozes vêm para te levar à classe
e coroar o meu morbo e tormento.
dói-me saber que estás assim.
olhas-me com o ser que em ti reside.
paralisas-me de saber quem tu és, sim.
Alma, esta raiz tão nobre, tão cara semente...
Eu te perdi neste colégio azul poente.
-sonhas de mim uma vez mais amanhã?

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