A alma recém-vinda ao mundo busca
sob o desenho dourado do sol
um lugar de repouso. Conhece, então,
o deserto e sua face devastada, que
conversa com ela em assobios de vento
enquanto, disciplinadas, torrentes de
dunas ceifam o areal, com seus formatos
de lua ou foice.
A água, despida de sua força natural, encrispa e
migra para o dentro negro e invisível dos cáctus.
O alimento serpenteia ou salta através da noite
Executando uma dança inesperada que o aquece ou
o obriga a esquecer o tantalizante frio.
Perdida, a alma ignora o perigo que se oculta, e esta
ignorância ou imprudência garante os segundos necessários
à sobrevivência, pela lei que favorece indiferentemente
os loucos e os ambiciosos.
A vida ocorre sob a influência de algum desígnio pomposo
não totalmente despido de humor e ironia, do qual,
ao menos em princípio, não podemos apreender a essência.
É assim que os conceitos saem à caça, e os entes se entocam
para dormir, afiando as garras.
Tudo semelha, então, apenas uma matização, uma sutil e
estranhamente eterna hegemonia de forças elementares.........

Nenhum comentário:
Postar um comentário